Hoje decidi escrever te, porque não escutas; se escutas, contra mim te revoltas, e quando te revoltas, tudo que falamos fica em meias voltas.
Finalmente de planos para sonhos, decidimos tornar o que mais anseiavamos em realidade; mas mal sabia eu que de olhos fechados deveria continuar, porque a imaginação e o presente se encaixavam perfeitamente, mas o futuro me aguardou com um pesadelo, hoje doi e me queima como fogo ardente.
Como unha e carne éramos nós, como o puchinho e o cabelo se grudam, nós faziamos totós.
No altar nós juramos (juntos), na alegria, na tristeza, na saúde, na doença, na riqueza, na pobreza, fielmente como belos amantes iria-mo-nos amar independente de circunstâncias, nos respeitar e priorizar-mo-nos até que a morte nos separasse.
Pude ver em seus olhos lealdade, tuas mãos tremiam e transpiram, mas me mostravam fidelidade, então com firmeza seguraste em minha mão e apartir daquele momento me mostraste responsabilidade!
O tempo se passou, para terminar as nossas realizações trouxemos ao mundo este bem mais que precioso, nenhuma pedra ou jóia poderia estipular o preço do que temos de valioso.
Eu era uma mulher inexperiente, precisava de beber de uma madoda conhecimento para que em maiores cuidados nosso tesouro pudesse crescer. Concordamos em chamar a mamã para conosco ficar até a menina começar a andar e não teriamos tanta dificuldade, pois como o ciclo de vida é mágico, ela já estaria também a falar.
Na felicidade, fui movida pela emoção e fiz uma proposta maior, convidei a mamã para conosco viver, me abraçaste e achaste que foi genuino aquele gesto da minha parte. Te regozijavas de alegria, deste uns passos e disseste bem alto "não acredito que a minha mãe virá morar comigo".
Wow! Por essa eu não esperava, parecia até no momento mesquenhice da minha parte, mas dentro de mim eu disse "principe, é a nossa mãe que vem morar conosco", não quis parecer incoveniente, sorri e consenti.
Dois, três meses, calada tive que aceitar os sabores que a nossa mesa eram postos. 'Porque era como sempre gostaste, era o que cresceste a comer, era o que te fazia bem, era como devia ser'. Pareceu me a priori uma simpatia, e saudades do momento mãe e filho, como estava disposta a aprender, fui aceitando e continuando calada.
Mas, o tempo passava e a situação agravava....
Agora, não só a comida que vai a mesa era confeicionda por ela, mas o menu, as compras, era tudo ela quem decidia. Até que ganhei coragem e contigo conversei, mas disseste para eu relevar, porque ela está habituada a trabalhar, e como sozinha vivia, era normal que quisesse pôr tudo em ordem sem ajuda. "Tudo bem, mas na minha casa? É com ela com quem te casaste?" Essas e mais perguntas sairam da minha boca, foi então que acordei uma ferra que em todos os anos de convivência não conheci. Chamaste me de fresquinha, mimada, e ainda acrescentaste que numa casa o galo é que manda, a última palavra era tua, assim sendo, tua mãe faria tudo quanto dissesses e quisesses.
Não poderia me conformar com aquilo, ver meu castelo se derrubar sem nem se quer ter contribuido para tal!
Dia seguinte, logo de manhã fui confrontada com as seguintes palavras: "achas que me vais separar do meu filho? Pensas que ele não me diria nada? Não existe amor maior que de mãe e filho, se eu estivesse no teu lugar, fecharia a minha boca e aceitava tudo. Ntla, nem sei porquê é que ele não escolheu a Suzana, davamo-nos muito bem e seria melhor companheira para ele".
Não pude fazer mais nada, se não entrar no meu quarto e chorar. A Deus várias vezes clamava, mas a fé era tão fraca, que não tinha mais esperança pra nada e a situação só piorava.
Passam-se 4anos, 'não posso cozinhar depois do serviço porque me sinto cansada, aos fins de semana também não posso, porque tenho que descansar e ficar mais relaxada'. A minha mãe reclama que já não dou gargalhadas longas como antes, minhas amigas dizem que sentem saudades da pessoa extrovertida que sempre fui, meus colegas pedem-me que eu me abra com alguém porque a cada dia se nota que eu não estou bem. Mas, eles não percebem que cada um desses sintomas foi a melhor maneira que arranjei para expressar-me e clamar por ajuda?
Quanto mais os dias se passavam, eram em máscaras que nossas posturas se banhavam. Para o meu esposo, eu era a nora adorada, para meus pais a idolatrada, mas quando nós duas estivessemos, era a mais humilhada.
Sinceramente, nunca percebi como isso acontecia, ela distorcia as coisas, enredava cada mentira que te contava, o pior é que acreditavas!
Me chamavas malvada, como faca afiada penetravas em meu peito com palavras mais que ofensivas!
Não mais ouvi-te chamar-me de 'princesa, docinho, caramelo, meu xodo....'; valia me se ao menos pelo nome me tentasses chamar, mas é por 'mãe de Priscila' que me tens estado a tratar.
Pois então agora, desisto disto tudo!
Não desisto de ti, mas é por mim que eu faço.
Dera eu se fisicamente me espancasses, mas é nos meus ouvidos que gritas e tanto me atacas.
Como veneno entra, e no meu cérebro tudo penetra. Intensamente me invade, e tudo se destrói.
Tento me reinventar, me refazer, mas o melhor de mim contigo tu levaste.
Quando estiverdes a ler esta carta, com certeza eu não mais estarei aqui; então, toma de volta este anel, porque vejo que aliança não é comigo que fizeste.
A mão quem me pediu foste tu, mas é a tua que eu devolvo. Antes que eu morra, eu caio fora e do fundo do meu coração eu te desejo felicidades com essa mulher que eu trouxe para nossas vidas, e é contigo que ela agora vai morar.
Não me casei para competir, mas está claro que já perdi. Portanto, vou me embora!
Com amor,
De:
mãe de Priscila
Para:
o meu Príncipe
Texto: Dorcas Tamele


Tão profundas são essas palavras. E uma grande realidade elas trazem consigo.
ResponderEliminarContínua trazendo mas palavras emocionante puras que pois delas revelam a realidade do nosso dia-a-dia . Meus parabéns Dorcas Tamele .
👌🏾👌🏾👌🏾
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