segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Não Quero Mais Este Eu




Como esquecerei aquelas mãos que a cada madrugada invadiam meu corpo
Como se de um mandato se tratasse.. 
Aquele bafo forte, corpo nojento e pesado.
Impregnado em mim noite após noite, sem consultar minha vontade!

Ainda me lembro das inúmeras gritarias na calada da noite,
Das dores no meu corpo, das lágrimas em minh'alma..
Do gelar do meu peito, do apazíguo da minha voz...

Você talvez não saiba, mas não existe coisa pior que se olhar ao espelho e se sentir inútil.

Minha boca dizia algo..
Meu retrato mostrava beleza, mas o sussurrar da minha mente gritava —fútil.

A sociedade me chama vítima. 
Meu agressor, diz que eu o seduzia com roupa íntima.. 
Minha mãe chora, se culpa, mas tenta ser destemida..
Então, me encoraja, mostra bravura, mas no fundo sente-se culpada!

Mas, e eu. O que digo?
Já perguntaram-me o que sinto?
Se morri ou se ainda vivo?
Será que sou vítima, ou apenas traçadora do meu destino?

Sinceramente, eu não sei!
Mas, também não vou negar que tantas vezes em agonia eu fiquei.. 
Meu coração sangra, mas minha boca cala.
Não me condenes, porque ele me ameaçava sempre que enfiava a cana...


Incentivaram-me a odiar, mas, eu não quero outro alguém magoar
Então pra frente eu vou caminhar
Sem no passado pensar
E no ar, uma luz vou encontrar..

Não interessa quanto veneno minh'alma bebeu,
Eu sei que vou vencer e minha história mudar
Por isso declaro: não quero mais este eu!





Texto: Dorcas Tamele
Revisão: Yolanda de Jesus & Celvicta
'E'ntrecho

quinta-feira, 11 de outubro de 2018

O Ex, É Melhor


Não existem equações, nem tão pouco palavras
Que possam explicar esta montanha
Que quanto mais subimos ela queima;
Não existe futuro com o passado,
Nem tão pouco aliança com o que foi enterrado.
É como se o gelo aquecesse e o fogo esfriasse;
Porque em tudo que gira,
A razão e a lógica não andam em sintonia.

Não existe um minuto em que não me perceba.
E não vejo mágoa, tristeza ou dor em mim.
Eu queria odiar, calar e sumir
Mas eu avanço, abraço e lá acho descanso…

Devia ser outono, mas eu sinto primavera,
Mas é tanto amor e dedicação que vejo bonança…
Bons passos dá, sinto que são marcas de uma nova era
Então, um sorriso bobo em meus lábios anunciam esperança;

Não é possível que enquanto o actual comigo discute,
O ex me consegue acalmar, e sempre que possível liga-me!
Talvez eu tenha sido impaciente, mas ele fala que eu tenho valor
E a pessoa que comigo está, não enxerga, e isso só lhe causa dor.
Entre o bem e o mal, o doce e o amargo, frio e calor
É tanta experiência rápida que as vezes sinto um terror.

É engraçado que o ex sabe exactamente do que preciso,
Minha música acompanha-lhe tão bem, como o chão que piso.
Ele sabe quando  preciso de um elogio,
Por isso me chama pra sair, cavalheiro que se tornou
Me  consegue iludir e acredito que faz meu feitio.

O actual roubou meu coração,
Mas o ex, mexe com tudo e agita meus nervos;
Recuar, é o mesmo que fazer um pacto com o retrocesso
Mas me apartar, é negar um carinho e amor de sucesso
Mais uma vez me confundo, porque a disponibilidade pra mim é imediata,
Tal como a ciência que é exacta!

Não posso viajar e pensar que este amor é inato,
Pés no chão!
Não posso me enraizar neste sentimento intacto,
Desculpa por assim me expressar, mas esse é o meu momento.
Mesmo na comparação ele ganha, sinto alguma saudade e o acho bom mentor;
Talvez não concordem, mas no fundo o ex sabe bem melhor.





                  Texto: Dorcas Tamele
                  Revisão: Melissa Dinda
                              'E'ntrecho