quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Poderia ter sido melhor...




Meu amor, eu poderia ter esperado por ti, se não tivesses transformado todo fogo em cinzas, todo mel em limão, o calor em frio, e o abraço em solidão
Eu teria esperado por ti se me tivesses  escutado, se me tentasses entender, se levasses contigo sempre um pedaço de mim no peito, se pensasses em mim como eu penso em ti!


Mas também, eu errei te prometendo a lua e as estrelas, sem nem se quer me pertencerem

Fiz de ti a flor mais bela, sem antes ter te proporcionado um jardim
Dei-te frutos, sem antes ter plantado a nossa árvore
Por um momento dei-te o universo (ou pensei eu que to tinha dado), sem saberes que me tinha sido emprestado Semeei em ti vários desejos, sonhos, planos, sem saber que o futuro me aguardava com cobranças
Nas tantas promessas feitas, despertei em ti desejos adormecidos e fui vendo eles florescendo sem retorno
A necessidade de satisfação, o almejo de realização, como o entardecer a cada dia tu vias
Pobre mulher! O meu eu não quis isso perceber.


Então contra ti me revoltei

E sem que eu notasse, em silêncio, fizeste de mim teu maior inimigo
Te banhavas dia após dia de amor e ódio, por isso percebi que eles realmente andam juntos
Tu me Amavas sim, mas odeavas o meu agir
Tudo se tornou confuso aos teus olhos; tua boca dizia algo, mas o teu agir o contrário
Passamos para uma guerra conosco mesmos, já era oficial o "que vença o melhor"
Nossa música mudou, e cada um dançava consoante a melodia que lhe soasse a tango


A cada dia, duvidavas mais ainda do meu amor, e eu nem se quer acreditava que me amavas

O tempo passava, ambos lutando à imagem de vítima, mascarava-mo-nos com armaduras no coração, e o nosso agir menosprezava um ao outro!


A música continuou sendo a mesma,

Convidamos a indiferença para nos fazer companhia
O amor e o respeito, já nem andavam em sintonia!

Passei a meus pensamentos- uns cruzavam-se com desatinos e outros com esperanças Mudava de destino em pensamentos sem chegar a lado algum
As temporadas de desalento e desapego dançavam  sobre mim pedido que desse um fim


Muitas vezes despi a minha alma, mente e carne

Nenhuma das formas de nudez permitiu que me conhecesses, que me sentisses
A verdade é que não te perdoo. Não me perdoo; não consigo perdoar a nossa falha
Jamais pensei que uma rádio AM  se cruzaria com FM. Parecemos de épocas diferentes- tornaste-te inverno muito cedo, arrefeceste-me a inocência e mataste-me por hipotermia
Cimentaste o nosso fim.


Então, quando saíres, não fecha a porta, deixa ser eu a fazê-lo para que possa ter a certeza que é para sempre

No quintal, arranca uma Orquídea como sinal do meu agradecimento pelos nossos bons momentos
No teu carro, não esquece "I wanna dance with somebody" 
No teu novo lar, lembra que um dia eu quis morar
Estas são as palavras que queria te ter dito antes de me suicidar
Não consegui ser forte
Espero que me perdoes e que cuides bem de ti.
Adeus amor.....



Adeus....




Até um dia amor Adeus!

Até ao dia que nos teus braços voltarei




       Texto: Dorcas Tamele & Valter Micas

                               'E'ntrecho


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