quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Sou mulher como outra qualquer, também mereço ser feliz!

Sou aquela mulher mais temida e odiada por si. Minimamente conheces me, mas imaginas o meu proceder. Sabes que eu mexo com aquilo que te pertence; te pertence porque em papéis assinaram um acordo, perante pessoas fizeram se promessas, e como prisioneiros estão acorrentados nesse negócio que vocês insistem em chamar de casamento.


Com licença, se me permites. Aliás, nem devia pedir, porque da mesma maneira não procedi pra toma-lo de ti. Pela minha indiscrição terás de me desculpar, mas é assim mesmo que eu sei ser: curta, directa e passo para arrasar. É triste pra si, mas pra mim é a melhor diversão de todos os tempos. Não a preciso lembrar (acho até abusado da minha parte), mas já que estou aqui a falar, venho dizer-lhe que sou eu sim que partilho o mesmo homem consigo.


Sou eu, que lhe acalmo todas as vezes que com ele surtas, chingas, chamas-lhe nomes, como se fosse inútil e imprestável. Sim, eu o faço! Todos os dias, todas as horas, e sempre que ele quer eu estou do seu lado e prontinha para colocar sorriso em seus lábios (risos), por acaso, aquele que ambas admiramos.


Eu mesma o faço chegar tarde a casa, sou também influenciadora para que ele sinta-se inseguro contigo. Mesmo  não fazendo nada, o faço acreditar que como eu tens os teus segredos, e como mulheres temos experiência em serviços secretos. Chegado a casa, grita contigo porque antes como 'louca' muitas vezes ligaste preocupada em querer saber onde ele estava. (Risos), era em meus braços que ele se deitava. Vês? Enquanto tu com canivete lhe espetas e o deixas sangrar, sou a anestesia que lhe tranquiliza a dor, opera, e o faz sarar!


Ah! Sou eu também que de quando em vez faz com que ele esteja "cansado", e na cama te vire as costas, enquanto só desejas que ele ame tuas coxas. Desculpa, mas não consigo não ser intensa, eu o quero só pra mim e quantas vezes fôr necessário, farei tudo tim tim por tim.
Não te apoquentes, quando ele ligar dizendo te que teve uma reunião de última hora, ou ainda, teve uma missão urgente do 'boss', por isso chegará tarde a casa,  podendo vós adiantar o jantar. É que quando estalo os dedos, é assim que ele diz: "é pra já senhora".
Mas não sou tão má assim, também o ajudo a cuidar dos miúdos, comprar-te presentes e o incentivo a dizer-te tudo quanto gostas de ouvir, para que te iludas e penses que ele não é de dono, mas no fundo sabes que ali é meu trono.


Mas afinal quem sou eu? Eu sou aquela que todos os dias tem um sorriso no rosto, põe um bom perfume, e visto com bom gosto. Os amigos me chamam cunhada, e mãe dele, me acha a melhor aliada. Minha presença lhe enlouquece, mas minha ausência te entristece. Enquanto choras e vais a geleira a procura de chocolate pra se acalmar, eu vou ao ginásio com disposição, para ele linda ficar.
De capulana e lenço sempre o recebes, mas da secretária dele todos os dias passo justinha para lhe dar bom dia, e ele rende.
Aquela que melhor lhe conhece, explora todo seu ser, mas mesmo assim consegue lhe perceber. Pois é, enquanto tu lhe apresentas as contas, serves o jantar, e do lado dele dormes. Ao acordar, me vai buscar, passamos juntos o matabicho, almoço, lanche e ainda aquelas coisinhas que tu já bem sabes.


Prazer! Eu sou aquela detestada e temida por ti, aquela que ele ama, mas esconde e nunca vai assumir. Por mim não há problema, também sou feliz assim.
Ele me chama flor, e a ti diz que sou colega; mas, como seu pertence ele me leva sempre na maleta. Desculpa uma vez mais a indiscrição, mas é assim mesmo que eu sou: curta, directa, e passo para arrasar!





                       Texto: Dorcas Tamele
                    Revisão: Yolanda de Jesus
                                'E'ntrecho

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