O céu que rápido escureceu já dava sinais de chuva, estava como sempre vendo futebol quando meu celular surpreende me vibrando.
- Tenho saudades tuas... amo te.- era a minha margarida.
Olhei e fiquei sem saber o que responder, mas ao mesmo tempo precisava de fugir da rotina de casa. Minutos depois a respondo:
- Mas, hoje que hoje é domingo e é dia de família. E além do mais tens acompanhado as notícias? O número de infectados tem subido a cada dia.
5minutos depois:
- Tenho visto. Mas não pode ser esta nossa despedida e a última vez? Já faz tempo que não nos tocamos, meu corpo não lembra mais das tuas digitais e minha boca.... precisa afogar-se nos teus beijos mais doces e profundos. Se disseres sim, eu já tenho uma surpresa preparada!
"Que tentação meu Deus! O que direi agora? Ah, já safei me diversas vezes, não será agora que este vírus irá apanhar-me, também tem o porém da wife fazer o chá de limão, sairei mais do que preparado e com a imunidade enriquecida, como também bem disposto para mais uma aventura."
Pego no celular e mais uma vez respondida:
- Claro loba, como sempre as ordens. Espero que a surpresa seja vermelha (risos). Até amanhã a hora do almoço no mesmo lugar de sempre. Beijo naquele lugar..
- Até amanhã seu bobo. Cuide bem da minha amiga aí ao lado e dê um beijo de carinho ao nosso filho.
Fiquei tão bem disposto que o meu chá arrefeceu, adormeci, mas tinha consciência que podia toma lo no dia seguinte.
Dormi feito um anjo que atrasei me ao levantar me e minha esposa fez questão de pô-lo em uma chávena térmica pra que levasse. Mas, mas uma vez ignorei-o pela meta de trabalho a alcançar até perto das 12.
Depois de algumas mensagens de carinho durante a manhã a hora 12 finalmente chegou e o Herculano adiou sua fome para ir ao encontro daquela que o fazia perder a cabeça.
Tal como o esperado foi surpreendido mais do que esperava e a 1:30h foi aproveitada da melhor forma entre carícias, beijos e amassos. Entre o intervalo do banho e vestimenta para irem-se Kátia conta que teve um final de semana super agitado, que desde quinta-feira andou em sociais privados, mas assegurava-se que todos lá estavam saudáveis (aí é que ela enganou-se).
A despedida foi perfeita e inesquecível, que uma semana e meia e meia depois Herculano não esquecia-se daqueles momentos que como passagens de filme passavam em sua mente quando ela vaga estivesse.... até sua esposa sentir-se incomodada, terem que dirigir se ao hospital com urgência, após exames foi diagnosticada com covid, onde ele teve que submeter se ao mesmo exame. Bem, ele foi receitado uma medicação que deveria tomar em quarentena. Mas sua esposa para além de grávida era asmática, daí o motivo para que o vírus nela rapidamente se manifestasse.
Ele chora por não poder fazer nada, sabe que pode ser o culpado porque ele é o único no qual sua esposa mantém contacto.
Entre tubos e tubos, ele olha pra sua esposa pelo vidro que os separa. Lembra se que todos os dias cuida- com muito amor e recorda-se daqueles minutos de prazer, que Kátia esteve com inúmeras pessoas e algumas desconhecidas. Ele pensa neles agora como um pesadelo, pois poderão destruir sua companheira e o sonho de algum dia tornar se pai.
Ele tem uma miscelânea de sentimentos e então chora mais ainda. Rasga-se e como criança fica inconsolável, pois sua consciência o acusa e julga por esse sucedido: "dera eu se tivesse tomado aquele chá, melhor teria sido se eu tivesse dito não, quisera eu ter teimado e continuado a acreditar que ninguém está ileso a este mal. E agora não sei mais o que fazer, porque por causa da despedida que seria nossa última vez, estou agora diante de quem eu amo sem saber se este será o último adeus!
Texto: Dorcas Tamele
